domingo, 30 de dezembro de 2007

Chegamos à Austrália


Depois de 12 horas de vôo desde Shangai, chegamos à Austrália. Cada vez que mudamos de país os contrastes são cada vez maiores. A Austrália não podia ser mais diferente da China: clima, organização, trânsito, arquitectura, população, etc.

É verão aqui na Austrália. A chuva e o frio que se devem fazer sentir em Inglaterra e Portugal estão mais longe de nós do que a própria distância geográfica. Passamos o Natal cá e vamos receber 2008 perto da Harbour Bridge em Sydney. Pela primeira vez eu vou poder fazer uma viagem no tempo, via telemóvel, para vos dizer como é 2008. Nós estaremos lá primeiro que vocês.

Tenho muito para vos contar, o blog não é suficiente!

Feliz ano novo!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O povo Chinês

Eu já ouvi várias pessoas louvar a simpatia e a cordialidade dos Portugueses. Sendo emigrante começo a perceber melhor as diferentes idiosincrasias dos povos. Posso afirmar pela primeira vez que encontrei um povo que é de uma cordialidade, de uma simpatia e humildade desconcertante. Eles são realmente espectaculares. Mesmo quando abordamos pessoas na rua a perguntar direcções, sem que eles percebam uma única palavra em Inglês e nós sem conseguir comunicar pelo nosso Mandarim, eles fazem tudo o que lhes está ao alcance para ajudar. O esforço em agradar é tal que às vezes sinto-me embaraçado por não saber falar mais mandarim. Quando a Paula visitava uma das suas infinitas lojas, eu decidi tirar o livro de mandarim e falar com uma empregada, ela ficou de tal maneira espantada de ver um estrangeiro fazer um esforço por falar chinês que já não me largava. Queria-me ensinar pronuncia, palavras, etc. Aqui vê-se como esta gente vive(u) fechada ao mundo.

E quando as pessoas param na rua para olhar para nós? E quando fazem uma roda à nossa volta para observar os estranhos olhos, estranho cabelo e altura? Por acaso nunca tocaram em nós mas, se caso fosse ruivo ou loiro, ia ter sessões de apalpadelas por onde passasse. Isto aconteceu na capital Pequim e Xi’An. Tinhamos sido avisados que isso iria acontecer dado que para a grande maioria dos Chineses viu tantos estrangeiros como seres extra terrestres.

Eu não sei o que será feito do mundo quando os chineses sairem da sua letargia colectiva. Uma coisa tenho a certeza, quando acordarem nada mais será o mesmo para todos nós. Eles são nada mais nada menos que 1600 milhões. Se houver uma vaga de emigração tal como em Portugal no pós 25 de Abril, eles colonizam o mundo.

O nosso grupo na China

Eis o nosso grupo de 9 pessoas no tour da China: 4 Australianos, 1 Escocês, 1 Tailandês, 2 Portugueses (nós) e 1 Chinês (a guia estava a tirar a foto). Tudo gente nova e com vontade de acordar cedo para andar a viajar menos nós. Estou a ficar velho.



As compras na China

Fazer compras na China é uma carga de trabalhos. O preço que eles pedem é exorbitante mas, depois de dizermos que não e irmos embora, eles vêm atrás de nós e oferecem o mesmo artigo a 10%. É giro praticar técnicas de negociação com eles.

É assustador a quantidade de artigos falsos que se vendem na China. O mais impressionante é a qualidade das cópias que fazem de relógios, carteiras, malas, roupa, etc. São realmente cópias mas, com os diabos, só mesmo um conhecedor é capaz de identificar. Bom, não me estou a referir aos produtos com erros ortográficos do tipo camisola Nyke ou Dolce & Gabana. Foi assim que o Japão se tornou líder na industria de alta tecnologia.

Fomos ao shopping “oficial” da candonga. Todos os turistas vão lá e nós fomos na onda. A única parte interessante desta visita não está relacionado com as compras mas com o que lhe está associado. Quando se está na rua, já relativamente perto do shopping, somos abordados por vários individuos que nos querem servir de guia. Quando digo abordados, refiro-me literalmente empurrados para o shopping. Depois de dizermos que não insistentemente, de hostilizarmos os tipos, de os mandar dar uma volta ao bilhar grande, eles continuam grudados em nós em todos os sitios onde nós vamos. Mas eu tinha um plano: acordei com um deles para nos guiar mas com a condição de mandar todos os outros embora. Com isto consegui livrar-me de dois ou três jagunços. Quanto ao que ficou eu tinha outro plano ainda melhor: será que ele vai resistir ao tempo gasto nas pesquisas da Paula dentro das lojas? Ele nem sabia o que lhe esperava! No final das contas, apesar do tipo começar a perder a paciência, lá aguentou até ao fim. Só por isso merece o meu aplauso! Isto é que é ter paciência de Chinês.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O "grande" Mao Zedong

Este senhor ainda está presente no dia-a-dia dos Chineses. Fotografias dele por todos os lados, livros, chapeus, canetas, etc com alusões a Mao. Imaginem que até conservaram o seu corpo! Devo confessar que estava mortinho por perguntar à nossa guia o que ela pensava de Mao, e claro, perguntei: “É o nosso grande líder histórico, devemos-lhe a nossa liberdade”, disse-me ela.

Aos olhos de um ocidental isto só pode ser aceite com uma boa dose de ironia.

A China e a religião - parte 2

Depois da nossa guia nos ter perguntado qual a diferença entre as palavras inglesas Christmas e Xmas (xmas não passa de uma abreviatura, errada diga-se, para efeitos comerciais) decidi dar uma de missionário e alargar um pouco os horizontes à menina. Decidi perguntar-lhe qual o valor simbólico da estrela que se costuma pôr em cima da árvore de Natal. Eu tinha que me cingir a coisas materiais que lhe fossem familiares senão dava um nó cego à guia. Claro que ela não fazia a minima ideia.

Fiquei inesperadamente incomodado com o ateísmo dos Chineses. Desconhecia esta minha faceta.

A China e a religião

Passo a dizer, literalmente, o que nos foi dito pela nossa guia Chinesa:

“As pessoas na China acreditam no comunismo e as suas crenças são comunistas. Existem minorias Católicas e Budistas mas só é crente quem já é velho, tem muito tempo nas mãos e não tem mais nada para fazer”.

Olhei para ela incrédulo. Ri-me com vontade mas acho que ela honestamente não percebeu a razão pela qual me ri.

A comida chinesa e os pauzinhos

A comida Chinesa é óptima. Muito variada, muito saborosa e sempre partida em pequenos bocadinhos. O problema são os pauzinhos. Comer com a mão está fora de questão, comer com colher parecemos uns bebés de 2 anos e com pauzinhos somos incapazes de segurar, cortar e levantar “coisas”. O que fazer? Simples, quando a fome aperta até podiamos ter que fazer malabarismos com palitos gigantes, mas a comida vai para a boca. Ao principio foi dificil mas depois de duas ou três sessões de “ou comes ou ficas a ver os outros comer” já sou capaz de usar os pauzinhos minimamente. Até é engraçado!

Tal como a comida italiana, eu era capaz de sobreviver somente com comida chinesa. Não falo da comida Portuguesa porque essa é insubstituível. Aliás, encontrei um restaurante português no centro de Shangai! Fui lá e... de Português não tem nada, mesmo a imitação dos pasteis de Belém são uma vergonha. Restaurante Português de Macau já não é Português.



Existem coisas que eles comem que eu nem sei explicar... tudo o que está em baixo está pronto a comer...











































De Xi’An para Shangai

A última paragem da nossa visita na China é Shangai. Shangai fica a 16 horas de comboio de Xi’An onde, mais uma vez, vamos pernoitar. Como a Maria Callas chinesa não estava a bordo, tive uma boa noite de sono (dentro dos possíveis). Shangai tem poucas similitudes com Pequim ou Xi’An. É mais cosmopolita, mais aberta ao exterior e mais próxima dos padrões ocidentais de arquitectura e estilos de vida. Um país dois sistemas: Pequim é a capital politica e Shangai a capital económica.



Estamos hospedados num hotel que, apesar da escassez das suas duas estrelas, estas são de padrões ocidentais. O nosso hotel no Dubai não passa hoje de uma recordação côr-de-rosa. A localização é óptima mas, para mal dos meus pecados, próximo dos sitios onde se vende grandes quantidades de lastro para as minhas malas. A vingança de Qin continua.

É claramente visivel a influência de potências europeias na linha da cidade marginal ao rio Huangpu. Franceses, Ingleses e Holandeses andaram por cá e isso só valoriza a parte antiga da cidade. Os inevitáveis arranha céus estão presentes um pouco por todo o lado mas predominantemente na área Este da cidade (a zona dos escritórios).

A poluição existe mas não aos níveis de Pequim. Ufa, já não aguentava conter a respiração.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

De Pequim para Xi'An

Xi’An é uma cidade no interior da China que é a antiga capital do império. É um pouco como Guimarães mas, claro, sem a sua beleza... e com mais 9 milhões de habitantes.

Viajamos de Pequim até cá para visitarmos os magnificos guerreiros de terra-cota da dinastia Qin. Foi uma viagem de 12 horas de comboio onde, pela primeira vez, tivemos que carregar os 70kg de bagagens de um lado para o outro. Sobrevivemos a esta prova mas não foi fácil. Graças à ajuda dos nossos colegas de tour e de um ou outro Chinês que espontâneamente decidia ajudar-nos a carregar, chegamos ao nosso destino. Apesar da viagem ser demorada, dormimos a maior parte da viagem (até que um Chinês que dormia no primeiro andar do beliche decidiu dar uma de Maria Callas e cantou a opera “ressonar” desde as quarto da manhã. Como é que eu lhe vou dizer em Chinês para mudar de posição na cama? Isto não vem no meu manual de Mandarim – Inglês).

Os guerreiros de terra-cota são incriveis. É impressionante a quantidade de estátuas, todas diferentes, do exército em formação. Estamos a falar em mais de 6000 soldados, cavalos, máquinas de guerra, etc todos com rostos diferentes e em tamanho real. Ainda estão subterrados uma grande parte das estátuas e outras partes do mausoléu do imperador Qin (da qual o exercito era apenas uma parte). Dentro da linha do respeito dos direitos do homem, o imperador mandou matar todos os trabalhadores do seu mausoléu para que este ficasse para sempre em segredo. Por este facto, houve uma revolta popular que destrui e queimou uma boa parte das obras que, ho
je, os arquelogos estão a reconstruir. Demora entre 4 a 6 meses para restaurar apenas 1 único soldado.


Para aumentar o peso das nossas malas a Paula anda a comprar “souvenirs”. Esta é a vingança do imperador Qin sobre mim depois de eu ter visto os seus guerreiros.

Pequim - a cidade proibida

Hoje visitamos a cidade proibida. Várias dinastias da monarquia chinesa viveram naquele lugar (até à década de 40 proibido ao público). A cidade é composta por vários edificios com diferentes funções sendo todos eles de uma beleza arquitectónica notável. Os estados que compõem a China, mesmo antes de Genghis Khan, já tinham desenvolvido estilos arquitetónicos, escrita, música, literatura o que faz da China uma das mais antigas civilizações da humanidade. Todo este espólio cultural foi absorvido na construção da cidade imperial, hoje longe de ser proibida.

A nossa guia, uma jovem Chinesa recém licenciada em Turismo e Inglês, fazia sempre questão de nos falar sobre os tempos do feudalismo e como os imperadores exerciam o seu poder sobre as massas e a forma como o partido comunista “libertou” o seu povo da opressão. É engraçado constatar que é precisamente a herança quase destruida dos seus antepassados remotos que mais contribui para que hoje haja comida na mesa.

Pequim - a grande muralha da China

No segundo dia fomos visitar a grande muralha da China. O nome é realmente apropriado: é grande em extensão (apróximadamente 6000 km), é uma grande obra de engenharia (passa por cumes de montanhas que só acredita quem lá vai) e é um grande testemunho do sacrificio humano. Eu e a Paula, para subirmos até à entrada da muralha, subimos mais de 1000 degraus logo cansados. Depois de lá estar, mais cansados ficamos (mental note: reatar os jogos de futebol rápidamente quando chegar a casa). A muralha é linda vista de longe e mais magnifica ainda quando se está lá.

Deixo-vos uma pequena historieta sobre a construção da muralha. Haviam dois grupos na construção da muralha: o grupo A contruia e o grupo B verificava a qualidade da construção. O imperador, com a sua personalidade encantadora, resolveu fazer o seguinte: se o grupo A cometer erros de construção, morre, se o Grupo B não encontrar defeitos na construção, morre. Ora as tácticas motivacionais deste líder em gestão de recursos humanos só podia fazer crescer o negócio das funerárias. E assim foi.

Lá que a obra foi bem feita foi, ainda hoje está de pé! Acho que alguns da equipa A ainda se safaram.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Hoje fomos sózinhos à praça central de Tiananmen. Este local é considerado o centro da China e de importância fundamental na história do país. Aqui estão três grandes monumentos de valor histórico: a cidade proibida (imperial), o monumento aos herois da guerra de libertação contra o Japão (2º Grande Guerra) e o mausoléu do “grande” presidente Mao Zedong. Existem outros mas são relativamente menos importantes do que estes.

Senti, pela primeira vez e inesperadamente o que significa repressão, intimidação e sensura quando caminhava nesta quarta-feira pela Praça. Tropas Chinesas por todo o lado, algumas em marchas constantes à volta da praça, olhares militares para ti como que a controlar todos os teus passos. Tirei uma fotografia à Paula prontamente sensurada por uma senhora visivelmente transtornada com qualquer coisa (disse para lá uns dislates quaisquer que eu, no meu Chinês fluente, ignorei). Não havia muita gente na Praça ou situação protocular que justificasse um aparelho militar daquela dimensão. Virei as costas e meti-me num restaurante com vistas para a Praça para provar o verdadeiro “pato pequim”.

Uns dias mais tarde, num sábado, voltei à Praça de Tiananmen desta vez inserido no meu “tour” com guia pela China. Não haviam militares à vista, nem sequer um para dar um colorido vermelho à Praça. Nada. Tirei fotografias a tudo, até à fila interminável para ver o corpo do Sr. Mao Tse Tung e nem sequer um olhar de suslaio, um olhar repreendedor ou comentário. Na praça reinava a tranquilidade e a liberdade, mais parecia que estava a tirar fotos à àrvore de natal nos Aliados. Só existe uma explicação para isto: o turista vê aquilo que o governo Chinês quer que as potências estrangeiras vejam. O fim de semana opéra milagres!

O trânsito

Não podia deixar também uma referência ao trânsito. No Dubai fui levado em contra mão na auto-estrada com os automóveis em rota de colisão a fazerem sinais de luzes (porque será!), entrei na auto-estrada fora dos ramaldes de acesso, quase batemos várias vezes mas nada de anormal para eles. Na China foi ainda mais incrível! Dentro da cidade a lei não se respeita (pior em Pequim mas práticamente igual em todo o território). Vejamos: andar em contra-mão na cidade cheia de carros e pessoas, ignorar passadeiras “empurrando” os peões devagar com o automóvel, bicicletas de transporte de mercadorias no meio de piões, carros e autócarros no passeio, na estrada ou em qualquer sitio que tivesse uma nesga para passar (ou não). A buzina do automóvel serve para conduzir, ou seja, os condutores estão sempre a buzinar eu penso mesmo que se tivessem em linha recta no deserto continuavam na sua sinfonia. Isto é uma autêntica selva urbana.

Pequim - a poluição

Tenho dificuldades em respirar aqui. A nuvem de poluição é visivel a olho nú tal e qual uma pequena mancha de nevoeiro. Agora percebo porque é que eles andam sempre com um lenço a tapar a boca e o nariz. Qualquer ser humano, a viver aqui, verá reduzida a sua esperança de vida em vários anos!

Sabem como é que eles vão resolver este problema para os jogos Olimpicos? É fácil, fecham-se todas as fábricas poluentes e minas da região durante um ano, reduz-se o número de automóveis a circular na cidade (em função do número da matricula) e pronto, já está! Este pragmatismo desconcertante derrubaria governos Europeus num abrir e fechar de olhos.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Votos de um bom Natal e feliz ano novo

Desejamos um bom Natal e um feliz ano novo para toda a nossa familia e amigos.

É a primeira vez que passamos o Natal longe de Portugal, aliás mais longe é impossível neste planeta, o que só acentua a saudade. Tivemos um Natal óptimo junto da nossa familia normalmente mais distante pelo que o espírito natalício não se desvaneceu.

Com muitas saudades,

Manel & Paula

Beijing (Pequim)

Pequim é a capital politica da China. Tem 16 milhões de habitantes e é umas das maiores e mais poluidas cidades do mundo. Como devem imaginar o choque foi grande...não, não devem sequer imaginar. Quando chegamos a Pequim senti-me como tivesse entrado numa máquina do tempo e recuado à infeliz década de 40 do século XX. Por mais incrível que pareça, eu tinha uma sensação de “dejá vu”, de uma familiarização com o meio que não conseguia compreender. Não foi preciso muito tempo para descobrir: Pequim é uma versão em grande escala do eixo Amadora – Buraca – Pontinha (ABP). Não me refiro às pessoas (aliás, tenho que fazer um texto só para falar sobre os chineses) mas à arquitectura, ao nível de vida e ao conceito estético. Pequim é construido ao estilo bem Português de substituição de barracas por bairros sociais em que a maior preocupação é maximizar o número de pessoas por metro quadrado e não por dar o mínimo de qualidade de vida às suas gentes. É, Pequim é tal e qual o eixo ABP para as pessoas mas salpicada de edificios de grande valor histórico (aqueles que resistiram à revolução cultural das décadas de 50 e 60). Quando referi que no Dubai as paredes eram mudas no meio de tanta sumptuosidade, na China as paredes contam a vida de um povo no meio de tanta humildade.

Também existe em Pequim - a nova Pequim - os grandes arranha ceús, as paredes de vidro e o grande capital estrangeiro. Aliás, Pequim vai receber os jogos Olimpicos dentro de apróximadamente 9 meses mas a mim só me interessa mesmo a realidade humana, não a efémera fachada do capital. Por detrás do mais fantástico edificio está um bairro de lata miserável. As coisas estão a mudar muito rápidamente em Pequim e para melhor. Não podia ser de outra maneira.

Reatar o Blog

Como vocês têm reparado, o blog práticamente estagnou quando nós chegamos à China. Isto é o primeiro sintoma de que aqui o mundo é diferente e é visto com outros olhos. Não é novidade para ninguem que a China é um país politicamente comunista logo liberdade de expressão só mesmo no jornal “o avante” cá do sitio e mesmo esse deve ser “analisado” pelo editor. Hoje compreendo realmente, pela primeira vez na minha vida, os valores do 25 de Abril de 1974. Só por isso já valeu a pena a visita à China.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Pequim

Já deixamos Pequim e, depois de 12 horas de comboio, chegamos a Xi'An. Temos tantas coisas para vos contar que nem sequer sabemos por onde começar. Os blogs são interditos na China pelo que não vai ser possível ver o estado em que esta mensagem chega até vocês. Deixamos algumas fotos e faremos mais comentários assim que deixarmos a China (por várias razões).
 
 

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Hong Kong

Ola, estamos em Hong Kong. A viagem correu bem mas ainda temos mais 3 horas de viagem para Pequim. Vou deixando mensagens assim que seja possivel, provavelmente sem imagens visto que na China existe censura a alguns blogs. Vamos dando noticias...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Adeus Dubai

É dificil descrever o Dubai. Este sitio é sumptuoso, majestoso até e ao mesmo tempo oco, parecendo que por detrás de cada fachada não estarão mais do que uma ou duas estacas de madeira. O Dubai é uma espécie de oasis árabe com incenso Channel no.5 e de nativos vestidos com turbantes Massimo Dutti.

O Dubai representa coisas diferentes para as pessoas. O indiano vem tentar fazer fortuna, o japonês vem fazer fortuna, o americano já fez fortuna e o europeu procura um paraiso fiscal para imitar o americano. Claro que o americano vem com a sua máquina de contrução civil apoiada pelo PDM cá do sitio (elaborado por um autarca irreversivelmente viciado num qualquer cogumelo alucionogénico), enquanto que os europeus vêm com as suas marcas, cadeias logisticas e grandes superficies. Somente 20% da população é de origem árabe no Dubai.

Eu vi, infelizmente sem a câmara por perto, umas senhoras árabes de “traje” tradicional preto (delas só se via os olhos, e mesmo esses mal), na Zara a ver umas camisolas curtinhas côr de rosa! Estes espanhois são tramados! Não há cultura que lhes resista, se não vai à força vai por aculturação. O Dubai é um pais do faz de conta, das fantasias, do turismo de massas e das elites. É um daqueles sitios que foi pensado, desenhado e arquitectado metódicamente no sentido de deslumbrar. Sente-se claramente que há um desfasamento entre a realidade criada e a identidade cultural. As paredes no Dubai são mudas.

Este emirato merece uma visita. É um sitio óptimo, assim a carteira o permita, para passar férias.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Para as duas meninas mais bonitas do mundo

Isto é um falcão do deserto. É bonito não é? Fiz-lhe umas festinhas mas o malandro queria-me dar uma picadela! Ai ai ai!




Beijinhos!

As vossas mensagens

Olá! Daqui fala a Paula. Acho que este blog está um pouco descontrolado. Estou aqui hoje com o Manuel para responder as vossas mensagens/perguntas pois são todas excelentes e muito bem vindas. Desculpem não termos ainda respondido individualmente às vossas mensagens, mas isto de organizar grandes viagens dá muito trabalho...

Algumas não estão assinadas mas adivinho quem as escreveu, outras porém já tenho alguma dificuldade. Vamos fazer os possiveis, a partir de agora, para responder aos vossos comentários na secção de comentários do blog.

Faço aqui um resumo de respostas rápidas e desculpem-nos se nos esquecemos de algumas:

- Tio Quim e Tia Ni, agora que o Tio Quim é um “expert” em informática, lá vou eu para o desemprego! Já me sinto ultrapassado! Daqui a pouco quem vai ter um “nick name” (alcunha) não vou ser eu!
- Tia Lau, a tua memória não falha! Não me lembro dos chocolates mas admito perfeitamente que possa ter acontecido... quanto mais não seja porque sou guloso. Da viagem a Paris ficou-me muito mais do que a Euro Disney!
- Ricardo, se o Vitória vai à Champions vou ter que continuar com as minhas viagens, agora na Europa! E espero bem que tu estejas comigo na final!
- Rui (Igreja), malucos? Nós? Quem é que foi para Taiwan comer massa bolonhesa durante semanas?
- Isabel, quando decidires fazer a tua grande viagem, não te esqueças de me convidar. Acho que facilmente me habituava a isto.
- Mano, essa de dizeres ao Manel para se esquecer das malas no carro, não gostei! Só para veres como tenho razão, já é o segundo restaurante onde não conseguimos entrar por causa das sandalias do Manel! Eu trouxe muitos sapatos, portanto estou sempre bem. Com vês há uma relação directa entre o sapatinho que calças e aquilo que podes comer!
- Hó cunhado, a tua irmã é só difamações! Eu quero ver é quem vai arrastar os 70kg de malas pela muralha da China ou pela lama de Cusco. Isso sim! Entre comer “à là carte” ou ficar com a coluna intacta não tenho dúvidas!
- Anabela e Rui, o vosso filho está muito querido. Gostavamos muito de o conhecer. E, Anabela, o teu Blog é feito só para envergonhar o meu amadorismo.
- Paulito, o Vitória É o maior. Não há dúvidas, não há enganos, nós só não ganhamos o titulo já este ano porque eu não posso ir ao estádio.
Ah, e quanto as fotos eu (Paula) já estou a tratar do assunto. Vou tentar criar uns albuns aparte do blog. Tenho de as tratar primeiro, isto é, diminuir o tamanho, depois quero comentarios de profissional!
- Luis Silva, tu és um grande malandro! Comi um lanchinho da British Airways, pronto, comi o lanche... hummmm... comi “aquilo” da BA e não tive paragem digestiva. Não deve ter faltado muito!

- Marco, não estaremos no Brasil nas datas que referiste. Porque não ficas mais umas semanas para nós irmos sambar no Rio?

Uma genial má ideia...


O Burj Dubai é o edificio mais alto do mundo (ainda em construção). Eleva-se a qualquer coisa como 585 metros de altura. O elevador sobe 4 metros por segundo (à volta dos 400km por hora, isto dito pelo guia turistico). É uma daquelas obras de engenharia que revela a genialidade do ser humano mas... será uma boa ideia? Uma rápida passagem pelo mapa diz que não.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O nosso Hotel

Nós decidimos, pela primeira vez na vida, oferecer a nós próprios um pouco de luxo extravagante. A única vez durante toda a nossa viagem em que vamos ficar num hotel de cinco estrelas é no Dubai. Ora bem, o meu conceito de luxo é um tanto ou quanto provinciano. O que eu esperava de um Hotel de cinco estrelas era limpeza, bom gosto, boa comida e serviços de valor acrescentado para um turista acidental (como nós). Bem que estava engando! O nosso hotel, um tal de Madinat Jumeirah Al Qasr, é um “hotel boutique”. Só a palavra “boutique” já faz cóssegas à nossa costela de zé povinho (sim, aquela que todo o Português tem no seu código genético).

Este hotel, para além de tudo o que esperava, inclui coisas irritantes como:

1. Todos os funcionários têm que te sorrir cada vez que falas com eles. Não têm dores de cabeça, stress, frustrações, nada. Estes funcionários devem ver o Vitória- 2 Parma- 0 todos os dias ou são uns mentirosos de primeira;
2. Todos os funcionários (todos, mesmo o jardineiro escondido atrás da palmeira) tem que te perguntar se precisas de alguma coisa. Se precisares, eles largam tudo o que estão a fazer para te resolver o problema;
3. Para “andar” dentro do hotel podemos “navegar” nos 3.5km de canais construidos para usufruto dos hospedes. Se não quiser navegar nesta espécie de gôndola, vem um carrinho electrico buscar sua Excelência visto que o lema deve ser “cada passo é um passo a mais”;
4. O Hotel é uma imitação real de um palácio árabe, pelo que o rácio de funcionários por hospede é elevadissimo. Fazes um gesto do tipo “vou pentear o cabelo” e vem logo um funcionário perguntar se precisas de ajuda (só me apetece dizer “sim quero, tem gel?”);
5. Tudo é incenso, tudo é aromaterapia, tudo é “SPA” (ainda não experimentei o SPA mas eu tentarei descrever a sensação numa próxima mensagem);
6. Quando vamos para a praia “privativa” de Suas Majestades, vêm logo três funcionários num espaço de 10 minutos para: estender a toalha (claro que eu no primeiro dia, dentro do espirito lusitano, fiz um “self-service” de toalhas prontamente repreendido pelo funcionário chocado com Sua Majestade que não podia tocar em toalhas), colocar as almofadas, oferecer gelados e bebidas;
7. E o servico de quartos? Não é que eles mudam de lençois duas vezes por dia?! Das duas uma: ou eles têm a mania das limpezas ou devem achar que nós somos muito porquinhos. Espero que seja a primeira!
8. Outra coisa irritante é a decoração do quarto que muda todos os dias. Olhem só que ele eles fazem com as toalhas... isto é claramente falta de alguma coisa...

Existe muito mais o que dizer sobre este hotel. É absolutamente genial, pena é que seja só por uma curta passagem. Aliás, eu tive a prova que o Português é um bicho raro por estas paragens quando procurava o caminho para o restaurante:

- O senhor vem de onde? – pergunta o segurança, vendo-me vestido de calções e sandálias.
- Portugal. – respondemos prontamente.
- Hãããããããããã? – diz o segurança.
- Espanha! – respondo eu já colonizado.
- Hãããããããããã? – pergunta o segurança já a virar o ouvido para ouvir melhor.
- França! – digo eu já numa de fazer ver ao segurança que a conversa devia ficar por ali.
- Háááááááá! Jacques Chirac! – diz-me o segurança triunfante.
- Pois! O Chirac! Nós é mais do Sul de França! Onde fica a entrada do restaurante mesmo?

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Dubai

Chegamos ao nosso primeiro destino: Dubai. Os “transfers” organizados pelo Hotel não estavam no aeroporto mas nada que a frase “eu pago em dollars americanos” não resolvesse num instante. Aliás, o nosso taxista, um Indiano de uma região perto de Goa, numa de meter conversa comigo começou a falar de um tal “vacãgã”. Ora o “vacãgã” não é nem o Figo nem o Ronaldo pelo que só pode ser alguma figura realmente relevante: o Vasco da Gama. Pronto, é sempre um orgulho saber que um Taxista indiano no Dubai conhece um Português que nunca deu chutos na bola mas um especialista em chutos nas bolas indigenas (mal sabe ele o que os seus antepassados pensavam do Vacãgã!).
Nós vamos dando noticias!


Partimos


Pronto, chegou o momento!



segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Many tanks to...

Hi there. We haven’t forgotten about our English friends that, despite their best efforts, will struggle to understand our Portuguese messages (who knows, I might be wrong!).

This exciting trip wouldn’t be possible without the support and goodwill from the English Heritage and Edenbrook. We are particularly grateful to Karen Hilditch and Simon Goldsmith for allowing us to have an extended sabbatical leave.

sábado, 17 de novembro de 2007

As malas

Estou com um problema. O ser humano não foi pensado...desenhado, vá lá, criado para carregar mais do que duas malas. Temos duas pernas que servem para movermos as malas ou, quanto muito, para lhes dar um ou dois pontapés de frustração. Temos dois olhos, para ver as malas a rirem-se de nós quando não cabem no compartimento de bagagens. Temos duas mãos... a essas é melhor nem sequer referir o que as malas lhes fazem. Como é que eu vou convencer a minha cara metade que não fomos "desenhados" para carregar 6 ou mais malas?

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Roteiro

Eis que chegou o grande momento: vamos iniciar a nossa grande viagem! O blog servirá para partilharmos com voçês os sitios por onde vamos passando, as gentes que vamos conhecendo e tudo o mais que me der na cabeça escrever! O meu blog será democrático: eu escrevo o que entendo e, em liberdade, censuro os vossos comentários. É bom não é? Não, a Venezuela não faz parte do nosso roteiro!

Então de que se trata a viagem? Serão 91 dias de volta ao mundo, partindo do ocidental aeroporto de Heathrow, viajando para oriente até que, imaginem, chegamos ao sitio de onde partimos. Há uns séculos atrás esta afirmação dava direito a tratamento privilegiado numa prisão perto de si, com aquecimento a lenha e tal. O que me vale é que só uma ou duas pessoas estão a ler isto, pronto, uma, ou na melhor das hipoteses um ou outro internauta perdido no browser à procura de roteiros turisticos no Brasil (olá internauta, não, isto não é uma agência de viagens).

Vamos efectuar 15 (!?) vôos durante a nossa aventura. Parece-me que terei a oportunidade de provar as delicias exóticas das refeições a bordo, só para ver se realmente tenho vontade de continuar viagem ou voltar a correr para Portugal. Às vezes os vôos vêm cheios e é preciso arranjar lugares (psssiiiiuuu, isto é segredo).


Nós não vamos no inverno aqui em Inglaterra para fugir à chuva, frio e escuridão. Nãããããooooo!

Eis o roteiro: Inglaterra, Dubai, China, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Peru, Brasil, Inglaterra. Nós vamos deixando aqui o registo dos diferentes sitos por onde vamos na esperança que vocês (o tal um ou dois) possam colocar comentários. Dificilmente passaremos pela censura chinesa (o diácono remédios lá do sitio está sempre a dizer "não havia nexexidade z z z" ou em chinês: "#$""!#$"#$%&&/ ) mas cá estaremos para relatar a experiência assim que chegarmos à Austrália.

Pronto, chega de conversa. Está na hora de ir ver o Vitória pois esse é um momento solene (bem haja a rádio santiago e o desportivo de Guimarães on-line, sempre isentos e rigorosos). Os outros deviam-lhes seguir o exemplo!