sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O nosso Hotel

Nós decidimos, pela primeira vez na vida, oferecer a nós próprios um pouco de luxo extravagante. A única vez durante toda a nossa viagem em que vamos ficar num hotel de cinco estrelas é no Dubai. Ora bem, o meu conceito de luxo é um tanto ou quanto provinciano. O que eu esperava de um Hotel de cinco estrelas era limpeza, bom gosto, boa comida e serviços de valor acrescentado para um turista acidental (como nós). Bem que estava engando! O nosso hotel, um tal de Madinat Jumeirah Al Qasr, é um “hotel boutique”. Só a palavra “boutique” já faz cóssegas à nossa costela de zé povinho (sim, aquela que todo o Português tem no seu código genético).

Este hotel, para além de tudo o que esperava, inclui coisas irritantes como:

1. Todos os funcionários têm que te sorrir cada vez que falas com eles. Não têm dores de cabeça, stress, frustrações, nada. Estes funcionários devem ver o Vitória- 2 Parma- 0 todos os dias ou são uns mentirosos de primeira;
2. Todos os funcionários (todos, mesmo o jardineiro escondido atrás da palmeira) tem que te perguntar se precisas de alguma coisa. Se precisares, eles largam tudo o que estão a fazer para te resolver o problema;
3. Para “andar” dentro do hotel podemos “navegar” nos 3.5km de canais construidos para usufruto dos hospedes. Se não quiser navegar nesta espécie de gôndola, vem um carrinho electrico buscar sua Excelência visto que o lema deve ser “cada passo é um passo a mais”;
4. O Hotel é uma imitação real de um palácio árabe, pelo que o rácio de funcionários por hospede é elevadissimo. Fazes um gesto do tipo “vou pentear o cabelo” e vem logo um funcionário perguntar se precisas de ajuda (só me apetece dizer “sim quero, tem gel?”);
5. Tudo é incenso, tudo é aromaterapia, tudo é “SPA” (ainda não experimentei o SPA mas eu tentarei descrever a sensação numa próxima mensagem);
6. Quando vamos para a praia “privativa” de Suas Majestades, vêm logo três funcionários num espaço de 10 minutos para: estender a toalha (claro que eu no primeiro dia, dentro do espirito lusitano, fiz um “self-service” de toalhas prontamente repreendido pelo funcionário chocado com Sua Majestade que não podia tocar em toalhas), colocar as almofadas, oferecer gelados e bebidas;
7. E o servico de quartos? Não é que eles mudam de lençois duas vezes por dia?! Das duas uma: ou eles têm a mania das limpezas ou devem achar que nós somos muito porquinhos. Espero que seja a primeira!
8. Outra coisa irritante é a decoração do quarto que muda todos os dias. Olhem só que ele eles fazem com as toalhas... isto é claramente falta de alguma coisa...

Existe muito mais o que dizer sobre este hotel. É absolutamente genial, pena é que seja só por uma curta passagem. Aliás, eu tive a prova que o Português é um bicho raro por estas paragens quando procurava o caminho para o restaurante:

- O senhor vem de onde? – pergunta o segurança, vendo-me vestido de calções e sandálias.
- Portugal. – respondemos prontamente.
- Hãããããããããã? – diz o segurança.
- Espanha! – respondo eu já colonizado.
- Hãããããããããã? – pergunta o segurança já a virar o ouvido para ouvir melhor.
- França! – digo eu já numa de fazer ver ao segurança que a conversa devia ficar por ali.
- Háááááááá! Jacques Chirac! – diz-me o segurança triunfante.
- Pois! O Chirac! Nós é mais do Sul de França! Onde fica a entrada do restaurante mesmo?

2 comentários:

Anónimo disse...

Grande Hotel!!!
Assim vale a pena!!! Isso é luxo levado ao pormenor. Divirtam-se

Luis, Abílio, Fernanda e Avó Alexandrina

Anónimo disse...

Cu cu...
Cá estive eu a ler sobre voces.
Adorei!
Realmente são momentos únicos que estão a viver.
Agora, o que adorei mesmo foi ver aquelas toalhas hehehe (fez lembrar o hotel da Tunisia onde estivemos). Até da pena usarmos as toalhas.


Vou citar:
"Outra coisa irritante é a decoração do quarto que muda todos os dias. Olhem só que ele eles fazem com as toalhas... isto é claramente falta de alguma coisa... "

Pergunto eu:
Falta de quê? Imaginação não será! rsrsrs (quero resposta)

Beijokas da Isabel Botelho